Escritora Natacha Magalhães critica falta de hábitos de leitura em Cabo Verde

A escritora cabo-verdiana Natacha Magalhães criticou, em Lisboa, a falta de hábitos de leitura em Cabo Verde, que deve começar com o incentivo sobretudo às crianças e jovens, criando condições para tal, nomeadamente pelas câmaras municipais.

Em declarações à Inforpress na sua passagem pela Lisboa para presentar o seu recente livro “Os lobos não podem esperar”, que marca a sua estreia na literatura destinada ao público adulto, Natacha Magalhães considerou que o problema de hábito de leitura não é só em Cabo Verde, mas que no arquipélago “tem mais impacto”.

Para a escritora, para além da questão de falar, escrever e expressar melhor, ler muda a forma de encarar mundo, a sensibilidade e um raciocínio sobre um determinado assunto, o que na sua opinião não acontece em Cabo Verde, já que “as pessoas não leem e não conseguem opinar sobre as coisas”, assim como os pais “não incentivam” os filhos a ler, optando pelos jogos online.

“É muito bonito dizer que temos que promover a leitura, pôr as crianças e os jovens a ler, mas pergunto o quê que as câmaras municipais, o poder local que está mais próximo das populações, estão a fazer para promoverem a leitura, quando os orçamentos para a vereação da Cultura, a sua maioria vai para festival popular de dois dias”, criticou.

Na opinião de Natacha Magalhães, “não existem espaços fisicamente atrativos” para crianças irem ler, “não têm acervos em quantidade suficiente e não há bibliotecários formados para fazer a mediação de leitura”, pelo que, no seu entender, “não há coerência entre o discurso e a prática”.

“Enquanto tivermos direcções da Cultura nas câmaras a trabalharem só para os festivais, podendo ver uma ou outra a fazer outras coisas, mas em termos de literatura é nada, só teremos o empobrecimento das massas e das mentes, porque o resto do ano é uma pobreza cultural”, frisou, sublinhando que é preciso promover o enriquecimento cultural das pessoas em Cabo Verde.

Em Outubro, também em declarações à Inforpress, em Lisboa, por altura das comemorações do Dia da Cultura e das Comunidades, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, considerou que as câmaras municipais têm de compreender que “não são os festivais que dão nota à sua competência da gestão municipal”.
Na altura, o governante lembrou que até ao momento nenhuma das 22 câmaras municipais do país aderiu ainda ao Programa Nacional de Leitura (PNL), mas que “todas querem financiamento para pagar cachés aos artistas nos festivais”.

Para dar a sai contribuição nessa área e incutir o gosto pela leitura, Natacha Magalhães criou o projecto “Mala de Contos – Promoção da Leitura”.

Natacha Magalhães, iniciou o seu percurso literário em 2010, na escrita infanto-juvenil, tendo publicado as colectâneas “Mãe, Conta-me Uma História”, “Sete Contos Ao Luar E Outras Estórias” e “A Viagem Mais Fantástica Do Mundo”, bem como os livros “O Segredo Partilhado” e “O Coração Das Ilhas”, a pedido de duas instituições.
Integrou as antologias “Contar Histórias Com A Avó Ao Colo” (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP), “Ser Mulher” (Portugal), “Mulherio de Letras” (Portugal) e “Mulher e Seus Destinos” (Cabo Verde).

Inforpress
 

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest