Cabo Verde inicia terça-feira criação de parque arqueológico subaquático na Boa Vista

Cabo Verde inicia na terça-feira os trabalhos de prospeção subaquática na ilha de Boa Vista, que marcam o início da criação do primeiro parque arqueológico subaquático do arquipélago, informou hoje o Instituto do Património Cultural (IPC).

Os trabalhos vão decorrer na cidade de Sal Rei até sábado, no âmbito do projeto de Cooperação Territorial, financiado pela União Europeia no quadro do Programa Mac 2014-2020, avançou a mesma fonte, em comunicado de imprensa.

O referido projeto tem como principal objetivo a implementação de uma Rede de Parques Arqueológicos da Macaronésia, prosseguiu ainda a nota.

Realizada por consórcio de empresas de mergulho nacional e do Senegal, acompanhados por arqueólogos da Universidade Nova de Lisboa e afetos ao Escritório Regional da Unesco em Kdar, a prospeção é “o pé de saída para a criação do parque arqueológico subaquático”.

Segundo o IPC, no quadro deste programa já foram desenvolvidas várias atividades, nomeadamente ações de sensibilização e informação sobre o Património Subaquático, o inventário e catalogação dos naufrágios ocorridos em Cabo Verde, a melhoria dos espaços de interpretação como o Museu do Mar em São Vicente, o Museu de Arqueologia da Boa Vista e várias outras iniciativas.

Em junho, o país inaugurou o Museu de Arqueologia da Boa Vista, devolvendo o espólio arqueológico à ilha onde se registaram a maioria dos naufrágios no arquipélago.

O Museu de Arqueologia da Boa Vista fica situado no antigo edifício da Alfândega Velha em Sal Rei, que foi reabilitado.

O museu contém acervos arqueológicos recolhidos na Boa Vista desde a década de 1990, ilha onde decorreram mais de 80% dos naufrágios no arquipélago e os objetos estavam expostos no Museu de Arqueologia da Praia.

Descoberta em 1480 por navegadores portugueses, a Boa Vista dista cerca de 450 quilómetros da costa africana e conheceu o seu desenvolvimento a partir do século XVII quando se percebeu a qualidade do sal ali existente, que se tornou na sua maior fonte de rendimento, atraindo empresários de vários pontos, incluindo estrangeiros.

Assim, a costa da ilha ficou também conhecida por ter sido palco de históricos naufrágios e ataques de piratas e corsários, uma vez que assumiu papel crucial na exportação de sal a partir de Cabo Verde.

Só na segunda metade do século XIX há registo de pelo menos 50 naufrágios de navios de várias nacionalidades ocorridos ao largo da Boa Vista, atualmente a segunda ilha mais turística do arquipélago – depois do Sal – onde também foi reabilitado o secular Forte Duque de Bragança, que defendia a ilha dos piratas.

Lusa

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest