
Quarta-feira, 22 de Março, 2023
Em Cabo Verde, a falta de emprego, a não atualização dos salários e o aumento vertiginoso dos preços registado nos últimos tempos levam os cidadãos a dizer que a situação está muito difícil, enquanto regista-se um aumento da pobreza e, em paralelo, da criminalidade.
No discurso por ocasião do Dia da Liberdade e Democracia, 13 de Janeiro, o Presidente da República, José Maria Neves, lembrou que 74 mil pessoas vivem na extrema pobreza e 47 mil em situação de insegurança alimentar numa população de meio milhão de habitantes.
Especialistas apelam a um controlo maior das agências de regulação.
O último grito das populações deu-se recentemente com o aumento de preços do pão, alimento muito utilizado na dieta familiar, depois de o Governo deixar de subsidiar a farinha de trigo.
Dona Isabel é vendedora ambulante de peixe e afirma que tem sentido muitas dificuldades para comprar os géneros alimentícios devido aos preços praticados.
“A vida está cara… estou a viver mesmo mal porque as coisas estão todas difíceis.. solução é para o Governo nos ajudar”, pede.
Paulo Cardoso é bombeiro municipal na capital e diz que, neste momento, faz uma grande engenharia para conseguir comprar os produtos alimentares e outros necessários.
“Está mesmo complicado… ainda fica mais difícil uma vez que há quase 10 anos que não tenho aumento salarial”, contq à VOA.
A preocupação com os custos também joga no campo dos empresários, que reclamam a perda nos lucros e redução do stock.
Elsa Vaz, dona de um mini mercado em Achada de Filipe, na cidade da Praia, diz que viu reduzida a margem de lucros em cerca de 10 por cento.
“A nossa principal preocupação tem a ver com os preços que aumentaram e muito, a nossa margem de lucro baixou e também temos a mesma dificuldade que os clientes o consumidor final”, lamentar a empresária.
Por seu lado, o economista Victor Fidalgo considera que, enquanto a guerra na Ucrânia não terminar, os cidadãos vão continuar a pagar o preço caro, embora entenda ser necessário maior dinâmica e controlo das reguladoras em relação às reguladas.
“O regulador precisa de melhorar os seus conhecimentos na matéria … digo isso exemplo no sector petrolífero que conheço razoavelmente bem… desde 2004 quando alinhamos o preço com o mercado internacional não houve mais nenhuma reforma profundamente nomeadamente em termos da logística”, afirma o também empresário.
O Governo tem anunciado algumas medidas para atenuar a situação, mas os resultados ainda não são visíveis.