Críticas e contra-críticas dominam atualidade da Frelimo após eleições autárquicas

Apesar da declarada histórica vitória eleitoral nas autárquicas de 11 de outubro, a Frelimo, partido no poder em Moçambique, continua a viver sinais de alguma divisão no seu seio.

Destacados nomes como Graça Machel, Samora Machel Júnior, Teodato Hunguana, Eduardo Nihia, de entre outros, romperam o silêncio e fizeram críticas sem precedentes sobre a polémica vitória eleitoral.

O comentador político José Tomo olha para as críticas que despontam como um sinal de exorcismo interno no partido no poder, que deve culminar com mudança de postura, a começar pelos resultados eleitorais.

“Essas críticas devem chamar a razão ao partido Frelimo para que deixe de insistir em governar pessoas que não votaram neste partido”, sustenta Tomo.

Amade Camal, antigo deputado da Frelimo na Assembleia da República, diz que o atual tom de críticas internas não é nada de novo e, com base na sua própria experiência, conta episódios de intolerância à crítica dentro do partido.

“Este problema existe e já vem de muito longe. O general Nihia foi meu chefe no Parlamento, entre 1994 e 1999. Ele tentou expulsar-me da bancada da Frelimo porque eu tinha feito uma crítica “, recorda Camal, para quem a situação atual mostra que a Frelimo está em processo de transição e sugere que se encontre para discutir o futuro.

O historiador e comentador político, Egídio Vaz, uma das vozes de defesa da atual liderança da Frelimo, reage às críticas internas com contra-críticas, sobretudo, por estar “a acontecer em praça pública”.

“Graça Machel é membro do Conselho de Estado, é convidada permanente ao Comité Central, para além de todo o manancial que conhecemos, e portanto não lhe faltam espaços para ela colocar estes assuntos no forum próprio”, sustenta Vaz.

No geral, muitos analistas políticos classificam o momento em que o partido no poder vive como uma crise de fim de mandato, que até à escolha do candidato presidencial para as eleições gerais do próximo ano, fará correr muita tinta.

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