Portugal: Mesa redonda sobre segurança alimentar alerta para taxa alfandegária e taxas de transferências bancárias

A mesa redonda sobre “A segurança alimentar em Cabo Verde: cenários e perspectivas”, organizada pela tertúlia “Nôs e Nôs Terra” terminou, chamando atenção para a questão da elevada taxa alfandegária e de transferências bancárias.

Ao fazer a conclusão da mesa redonda que aconteceu hoje através da plataforma Zoom, com participação de pessoas em Portugal, Itália, Espanha e Cabo Verde, um dos promotores da tertúlia “Nôs e Nôs Terra”, Wladimir Brito, disse que essas duas questões dificultam a chegada de ajudas que a diáspora cabo-verdiana pode querer enviar, por causa das burocracias.

O objectivo principal da mesa redonda foi de dar a conhecer ao público, no País e na diáspora, a situação que enfrenta a população residente em Cabo Verde no tocante à segurança alimentar e nutricional, assim como as medidas que têm sido adoptadas pelas diferentes autoridades e as iniciativas levadas a cabo pela sociedade civil.

“A diáspora preocupa-se com esta situação e procura encontrar, juntamente como os residentes em Cabo Verde, soluções para a resolução desse problema (…). Duas questões que chamamos atenção: as taxas alfandegárias que o próprio Governo tem de ver e as transferências bancárias”, apontou.

Conforme disse, durante a mesa redonda ficou evidente que as taxas alfandegárias são elevadas, não só para tirar bens alimentares, mas também outros produtos, sustentando que, relacionadas às transferências bancárias, as associações cabo-verdianas na diáspora podem “juntar e enviar dinheiro para Cabo Verde”, mas que as taxas cobradas são enormes, tendo concluído que “é preciso trabalhar de forma conjunta e encontrar soluções conjuntas para o mesmo problema”.

No encontro esteve a secretária Executiva do Secretariado Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SNSAN), Rosa Semedo, que falou sobre a situação actual do País neste domínio e sobre as principais acções de política que estão a ser desenvolvidas.

Segundo a responsável, a pandemia da covid-19, mudanças climáticas, ou seja, as secas em Cabo Verde e as consequências da guerra na Ucrânia “vieram dificultar ainda mais a situação de insegurança alimentar e nutricional no País”, lembrando que, com a inflação e o aumento dos preços dos bens de primeira necessidade, “houve aumento de preço sem precedente a nível nacional”.

De acordo com Rosa Semedo, um inquérito sobre a segurança alimentar realizada regularmente, mostrou que em Cabo Verde, de Março a Junho, cerca de seis por cento (%) da população estava em situação de crise alimentar, ou seja, essas famílias tinham dificuldades no acesso aos alimentos, já entre Julho e Agosto chegaram a cerca de 9,5% da população em situação de crise alimentar.

Por outro lado, a secretária-executiva do SNSAN explicou que em Cabo Verde, por depender muito da importação dos alimentos, algumas soluções devem ser encontradas, como uma agricultura inteligente sensível ao clima, a pesca sustentável, o aumento da disponibilidade de água para a agricultura, o uso eficiente de recursos, o aumento do rendimento das famílias vulneráveis, além da promoção de dietas alimentares saudáveis e sustentáveis.

A mesa-redonda decorreu em dois momentos consecutivos e foi moderada por uma das promotoras da tertúlia “Nôs e Nôs Terra”, Ângela Coutinho, e teve intervenções, para além da secretária Executiva do SNSAN, da presidente da Fundação Donana/Banco Alimentar contra a Fome, Ana Maria Hopffer Almada, da secretária Geral da Caritas de Cabo Verde, Marina Almeida, e da presidente da Federação das Organizações Cabo-verdianas em Portugal, Felismina Mendes.

O segundo momento incluiu intervenções de alguns especialistas convidados, nomeadamente Eva Marques, da ADECO, Januário Nascimento, da ADAD, o agrónomo Arlindo Fortes e o economista Belarmino Luscas, perguntas e comentários da plateia.

A tertúlia é um espaço de diálogo, constituído em 2020 pelos seus promotores originários, João Estêvão, Lucas da Cruz e Wladimir Brito, a que se juntaram, sucessivamente, o embaixador Jorge Borges, Dulce Évora, António da Graça, Raffaella Gozzellino e Ângela Coutinho.

Inforpress

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