PR acredita ser “fundamental” que crianças aprendam línguas portuguesa e cabo-verdiana em paridade

O Presidente da República, José Maria Neves, disse ontem, dia 27, no Mindelo, ser “fundamental” que as crianças e jovens aprendam a língua cabo-verdiana e a língua portuguesa em paridade para também melhorar o desempenho em outras línguas.

O chefe de Estado mostrou tal posicionamento aos jornalistas à margem da aula magna que proferiu, na Escola Secundária José Augusto Pinto, aos alunos que escolheram a língua materna cabo-verdiana como uma das unidades curriculares do 10º ano de escolaridade.

Para José Maria Neves importa fazer os alunos perceberem que a língua materna é um “pilar importante” da sociedade cabo-verdiana e que se deve fazer de tudo para a aprender, falar e escrever corretamente.

“Devemos trabalhar para que em paridade com a língua portuguesa, possamos melhorar o nosso desempenho na aprendizagem das línguas”, sustentou, acrescentando ser preciso que o crioulo deixe de ser somente língua de afeto e apenas de espaços informais.

Por outro lado, segundo a mesma fonte, mostra-se necessário tornar a língua portuguesa “mais informal” e a utilizar em espaços de afeto e de informalidade.

Isto porque, asseverou o Presidente da República, “é fundamental” que o cabo-verdiano domine essas duas línguas, que são o “património” do País.

“Temos que fazer um esforço para cumprir a Constituição e passar a ensinar na língua cabo-verdiana e melhorar a aprendizagem do português e das outras línguas”, sustentou José Maria Neves, para quem esta é uma “questão de direitos humanos e de liberdade de expressão”.

Questionado sobre a decisão de colocar a língua cabo-verdiana ainda somente como opção no 10º ano de escolaridade, o chefe de Estado considerou ser um primeiro passo, mas, que precisa ser acelerado para formar as crianças nestas duas línguas desde a tenra idade.

“É fundamental para o desabrochar da criatividade, da inteligência das nossas crianças, jovens e adolescentes”, afiançou.

José Maria Neves baseando-se nos argumentos de especialistas e nas experiências-piloto realizadas na ilha de Santiago, lembrou que quando melhoradas as condições do ensino da língua cabo-verdiana, as crianças poderão escrever e ler bem tanto a língua materna, como o português.

Entretanto, alertou, será preciso respeitar todas as variantes, uma vez que, “a língua cabo-verdiana é rica precisamente por causa dessa variedade”.

“Se fizermos isso, estaremos a dar um grande contributo para o crescimento da nação global cabo-verdiana, porque a língua cabo-verdiana é que une os que vivem aqui e os que vivem na diáspora”, concretizou.

Durante a aula na Ludoteca na Escola Secundária José Augusto Pinto, José Maria Neves fez uma retrospectiva de como o crioulo era considerada uma “língua inferior e proibida” na época colonial e atualmente ganhou uma vitalidade “muito impulsionada” pela juventude nas redes sociais.

O chefe de Estado referiu-se ainda ao facto de ter sido um dos primeiros líderes governamentais a discursar na língua materna numa reunião da Nações Unidas, e que deu “coragem” a outros líderes de fazerem o mesmo.

Na agenda da sua deslocação a São Vicente, José Maria Neves receberá na terça-feira, no Palácio do Povo, cartas credenciais de novos embaixadores de 17 países.

Inforpress

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