Presidenciais: Daniel Medina diz que se for eleito parte do salário será para organizações que lidam com a problemática social

O candidato presidencial Daniel Medina disse hoje que, se for eleito, parte do seu salário será destinada às organizações que lidam com a problemática social e descarta aceitar dinheiros que “não tenham transparência junto da banca”.

 


Daniel Medina, professor universitário e investigador, falava em entrevista à Inforpress a propósito da sua candidatura ao cargo de Presidente da República nas eleições de 17 de Outubro próximo.


Instado com que meios conta para fazer campanha, o também jornalista e escritor admitiu que se trata da pergunta “mais difícil” de responder, mas foi adiantando que para os independentes, como é o caso dele, “não há nenhum estímulo”, ao contrario dos candidatos que concorrem com apoios dos partidos políticos que têm a subvenção do Estado.


“Nós [os outros candidatos], como não há nenhum estímulo, ficamos dependentes de nós mesmos ou então de possíveis pessoas, empresas ou indústrias que nos possam ajudar”, lamentou o candidato.


“Por uma questão de carácter, não aceito dinheiros que não tenham transparência junto da banca ou de determinadas autoridades. Eu, como independente, não conseguirei esquivar-me, de forma alguma, nem pretendo fazê-lo, ao controlo e à transparência financeira” realçou, reconhecendo, entretanto, que qualquer organização tem esta possibilidade.


Se no dia 17 de Outubro for eleito Presidente da República, garante que parte do seu salário, entre 40 a 50 por cento, vai ser colocada à disposição de associações que têm que ver com questões sociais, como Black Panthers, Lar Nhô Djunga e Acrides.


Para Daniel Medina, é altura de os responsáveis que têm algum desafogo financeiro “serem solidários” para com instituições que lidam com a problemática social, particularmente neste período da pandemia de covid-19, em que todos “têm poucos recursos”.


Na sua perspectiva, as pessoas que se candidatam desinteressadamente para o cargo de Presidente da República deveriam colocar em cima da mesa o seu desinteresse em termos financeiros.


O investigador e professor universitário, cuja candidatura afirma ser uma emanação da sociedade civil, assegurou que “todas as pesquisas feitas em Cabo Verde e lá fora (…) demonstram que Cabo Verde necessita de alguém com alguma isenção, imparcialidade e não jogador permanente de partidos políticos, que possa fazer essa mediação que é necessária entre Parlamento, partidos da situação, partidos da oposição e a própria sociedade civil”.


Instado se a sua candidatura é mesmo para avançar, admitiu que sim, acrescentando que tem “todas as condições” para seguir em frente.


“Algumas pessoas já me tinham sondado anteriormente para essa hipótese [da candidatura] e, depois, houve um grupo de pessoas, chefiado pelo advogado Geraldo Almeida, fez-me essa proposta achando que eu tinha condições para avançar”, precisou Daniel Medina, para quem todos os cabo-verdianos, a partir dos 35 anos, conforme prevê a Constituição, podem ser, naturalmente, candidato a Presidente da República.


Admitiu ter abraçado o desafio que se lhe apresentou, em termos de cidadania, na certeza de que ele e outros têm “muito para dar num País que está em crescimento, em que a democracia tem ainda que caminhar e conseguir consolidar-se” em ordem a um Cabo Verde “mais e melhor desenvolvido”.


Perguntado se está na posse de alguma sondagem que o encoraja a avançar com a candidatura ao mais alto cargo da nação, respondeu nesses termos: “Nós temos e todos os outros também devem ter. Neste momento, é possível fazer-se, através de Internet, pequenas sondagens perguntando às pessoas o que pensam, se votariam em determinado candidato ou se não votariam. Posso dizer que as sondagens me dão alguma confortabilidade, que é o reconhecimento pelo trabalho que tenho feito como professor, jornalista e, essencialmente, como cidadão deste País que tem tido uma postura bastante moderada e de distanciamento em relação a todos os partidos [políticos] em Cabo Verde”.


“Sabemos que as pessoas estão a ficar um pouco cansadas dessas escolhas [dos presidentes da República] puramente partidárias. Precisamos de ter voz e a sociedade civil que constitui e formaliza os partidos deve também ter uma voz”, lançou o professor Daniel Medina.


Relativamente a uma eventual desistência da corrida presidencial, respondeu nesses termos: “Se tivesse que desistir, fá-lo-ia até, naturalmente, a uma determinada data. Temos 03 de Agosto em que teremos que dar entrada no Tribunal Constitucional de toda a documentação e caso isso não se verifique, quer dizer que a pessoa já capitulou. Eu ainda não determinei qual é a data exacta. Posso assegurar que em termos financeiros não tenciono fazer loucuras de empréstimos junto à banca. Estou a contar com o apoio das pessoas com muita sensibilidade e que acreditam em mudança e melhoria do sistema político em Cabo Verde porque há algumas coisas que não estão correctas”.


O facto de haver várias pessoas que já se posicionaram para a candidatura presidencial, de acordo com Daniel Medina, “é muito bom porque mostra diversidade e alguma acutilância democrática e indica que estamos a crescer em termos de percepção ideológica de que as pessoas não têm que estar marcadas desde o início no sentido de que elas é que podem ser Presidente da República.


“Temos o Júlio Lopes [actual presidente da Câmara Municipal do Sal] que não era nenhum político, em comparação com outros com vários anos de percurso político, revelou-se uma surpresa extremamente agradável, uma pessoa com uma lucidez tremenda, quer dizer que as cartas não nascem viciadas, nós que podemos viciá-las”, exemplificou Daniel Medina.


Na corrida eleitoral, Daniel Medina terá outros concorrentes como o ex-primeiro-ministro, Carlos Veiga, (1991 a 2000), e ex-presidente do MpD, no poder), o antigo chefe do Governo José Maria Neves (2000 a 2015) e antigo presidente PAICV, o antigo deputado e jurista Hélio Sanches, o empresário Marcos Rodrigues, o “candidato republicano” Péricles Tavares, o engenheiro naval Fernando Rocha Delgado, Osvaldo Barbosa e José Rui Além.


Inforpress

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