Professora que veio para Cabo Verde em missão e hoje é fotógrafa de grávidas e bebés

Helga Correia chegou a Cabo Verde há 20 anos para lecionar, longe estava de imaginar que um dia faria sessões fotográficas de grávidas, bebés e famílias. O gosto pela fotografia despertou no arquipélago e hoje trabalha “part-time” conciliando as duas áreas.

Em dezembro de 2003, Helga chegou a Cabo Verde para lecionar matemática em São Nicolau. Passaria por São Vicente, para depois se estabelecer na Ilha do Sal, a partir de 2015. A sua inesperada trajetória na fotografia começou com a captura de paisagens e evoluiu para uma abordagem “mais focada” na maternidade e família a partir de 2014.

“Acredito que isso iniciou com o desejo de voltar a ser mãe na época, o que direcionou o meu olhar para as grávidas de uma maneira mais sensível, até me deparar um dia com umas imagens de grávidas na internet e achar aquilo interessante”, conta em entrevista ao Balai.

Até que um dia recebeu a visita de uma amiga que estava grávida e decidiu fazer a sua primeira sessão deste género.

“Após ter feito a minha amiga de “cobaia” e gostar dos resultados, decidi publicar aquelas fotos nas redes sociais e foi então que tudo começou a expandir, o público gostou e elogiou bastante, dando-me mais vontade de pegar naquilo e aperfeiçoar”, completa.

Helga diz que com o tempo conseguiu desenvolver um estilo “mais minimalista”, buscando “despertar emoções” com as fotos. A fotógrafa destaca a importância de compreender e interagir com o público, especialmente ao lidar com bebés em sessões fotográficas.

“Nas minhas sessões costumo antes de mais interagir com as pessoas, fazê-las ficar mais descontraídas e se adaptarem ao ambiente. O truque está em criar conexões, não só com os bebés, mas com todos os meus clientes, porque senão as coisas não fluem”, complementa.

Sobre o panorama cabo-verdiano no sector da fotografia, Helga reconhece e destaca a “evolução “do mesmo, devido ao aparecimento de mais fotógrafos no país e a “união da classe” com um interesse até na criação de uma associação de fotógrafos cabo-verdianos. 

Fora isso, a mesma também destaca alguns desafios que tem enfrentado, enquanto uma profissional independente na fotografia, como o preço elevado e a escassez de materiais para o trabalho. Salienta igualmente a necessidade de ser polivalente por parte de quem decide empreender sozinho no setor, principalmente no contexto tecnológico que se vive agora.

“No início um dos desafios que tive de lidar foi de explicar às pessoas a minha forma de trabalhar, fazê-las entender que não imprimo as fotos para levarem para casa logo em mãos. Tive que explicar que as minhas fotos são digitais, que após as sessões elas passarão por um processo de edição e que só depois irão receber uma galeria de fotos editadas que foram escolhidas por elas”.

Em entrevista, Helga Correia partilha o desejo de ter um estúdio fotográfico maior, pois atualmente faz sessões no interior de sua garagem, além disso, pensa dar andamento a um projeto pessoal dentro do ramo.

“Quando estava em São Vicente tinha iniciado um projeto voltado para as mulheres grávidas em situações de vulnerabilidade, com o propósito de proporcionar-lhes um dia de “spa”, momentos descontraídos e no final presenteá-las com sessões de fotos, mas depois que vim para o Sal e com o aumento de responsabilidades, tive que deixar a ideia de lado, mas tenho perspetivas em voltar ao projeto”.

Ao falar de responsabilidades e ainda aproveitando a questão do género, a fotógrafa explica que o facto de ainda serem “poucas mulheres” fotógrafas no mercado poderá estar ligado às demandas que o ramo implica e as responsabilidades que elas possuem no seu dia a dia, por conta do “simples facto de serem mulheres”, destacando ainda a importância do apoio de seus companheiros e parentes nessa caminhada.

Com 10 anos de andanças no ramo fotográfico, Helga Correia gostaria de aprofundar mais na fotografia e levar a sua arte para outros patamares.

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