
Domingo, 28 de Maio, 2023
A presidente da Associação Acarinhar, Teresa Mascarenhas, defendeu hoje a necessidade de definir políticas que visem o empoderamento dos jovens com paralisia cerebral, para que não sejam mais vistos como “coitados” que precisam de “esmola”.
Esta responsável falava à imprensa durante a conferência internacional promovida pela associação para assinalar o 16º aniversário lançando um olhar sobre as perspetivas futuras para crianças e jovens com paralisia cerebral em Cabo Verde.
Conforme avançou, o objetivo é reunir organizações, decisores políticos e toda sociedade civil para uma profunda reflexão sobre o tema, exigindo respostas mais “céleres e eficazes” na definição de políticas de empoderamento desses jovens e das famílias.
“O olhar é sobre estas crianças que na maioria dos casos vivem escondidas em casa. Trazemos este tema para o debate público porque se as famílias não vão à procura de respostas, nós é que devemos reunir as sinergias para respostas mais eficientes e eficazes. É preciso ter um olhar para vermos muitas vezes o nosso egoísmo, a nossa pressa e vontade de ganhar dinheiro e não temos tempo para ver a pessoa ao lado”, precisou.
Para Teresa Mascarenhas são múltiplas as situações que agravam as limitações de crianças e jovens com paralisia cerebral, ressaltando que a sociedade não está preparada para pessoas com deficiência.
“Enquanto estamos a ver pessoas com deficiência como coitados que precisam de 20 escudos ou mil escudos, não é isso, o que nós queremos é o empoderamento desses jovens com paralisia cerebral e das suas famílias.
Não queremos assistencialismos e nem esse olhar de coitado”, reiterou, garantindo que a associação vai continuar apelando ao engajamento de todos nesta luta.
É uma área que exige respostas transversais do Estado, sublinhou Mascarenhas, admitindo que, “sozinha”, a organização não consegue colmatar as barreiras sendo que tem tido desafios ligados à sustentabilidade, equipas multidisciplinares e transportes adaptados para dar respostas aos pedidos.
Neste momento, informou, albergam no total de 234 crianças e jovens com paralisia cerebral.
Por seu lado, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Evandro Monteiro, salientou que a comemoração dos 16 anos da Acarinhar é um marco importante para o País porque, realçou, espelha o envolvimento cívico nas questões sociais ligadas à inclusão.
Numa visita recente àquela organização, disse ter constatado que com “ferramentas adequadas e trabalho contínuo” podem contribuir para melhoria significativa na vida dessas crianças e jovens, mas também das próprias famílias onde estão inseridas.
Segundo garantiu, com os investimentos feitos na matéria, as estruturas de saúde dispõem de condições para reforçar as respostas ao nível da assistência médica.
“Nós temos vindo a fazer investimentos significativos neste aspeto, o Ministério da Saúde e os indicadores que temos desde a mortalidade infantil e materna e os investimentos feitos em recursos humanos, temos maiores capacidades nas estruturas hospitalares em perceber as situações ligadas ao período de parto que é muito sensível e o seguimento, logicamente há investimentos em equipamentos ligados a fisioterapia e em outros recursos humanos” assegurou Evandro Monteiro.
Inforpress