Campanha do projecto Tartaruga Boa Vista de 2021 supera recordes anteriores com 156.631 ninhos de desovas de tartarugas

Os números do Projecto Tartaruga Boa Vista (PTBV) indicam que a campanha deste ano, que decorreu de Maio a Novembro, registou 156.299 ninhos nas praias da ilha, safra que supera recorde das temporadas anteriores.

Estes dados foram avançados à Inforpress pelo Projecto Tartaruga Boa Vista, financiado pela Fundação MAVA e é implementado por várias organizações de conservação das tartarugas marinhas na ilha da Boa Vista.

A coordenadora científica do PTBV, Leila Almeida, destacou o valor da temporada para demonstrar o trabalho feito na conservação de tartarugas marinhas, ao mesmo que sublinhou os resultados alcançados na capacitação e estudos científicos a nível nacional, com apoio de investigadores internacionais para conhecer melhor a espécie.

“Em relação ao ano passado, estamos com um aumento de registo de cerca de 30 mil ninhos, comparativamente ao ano passado, em que houve 125 mil ninhos em toda a ilha da Boa Vista”, disse, referindo que este ano “superou os recordes” de registos em anteriores temporadas.

Isto porque, segundo os dados de 2021, a ilha da Boa Vista registou 156.299 ninhos de desovas de tartarugas, 2.893 viveiros de ninhos, 21.169 fêmeas monitorizadas, 53 apanhas, e 846 tartarugas resgatadas.

A coordenadora científica sublinhou que os aumentos destes registos se verificam a nível do arquipélago, mas com maiores números na ilha da Boa Vista.

Quanto a este aumento, Leila Almeida, que é bióloga, explicou que não conseguem dar um esclarecimento concreto, uma vez que, conforme justificou, a tartaruga marinha careta-careta é uma espécie migratória que não depende somente do trabalho de campanha e conservação de seis meses.

Entretanto, enalteceu que se poderá estar perante resultados do trabalho de conservação e proteção feito na ilha há 23 anos a espécie marinha que demora entre 20 a 25 anos para desovar, assim como a existência de zonas ricas em nutrientes para alimento da espécie, poderão estar na origem da grande saída e desova de tartarugas.

A bióloga fundamentou ainda que factores antropológicos relacionados, por exemplo, com habitat, como poluição sonora, marinha e luminosa, e alterações climáticas poderão causar problemas futuros na conservação da tartaruga marinha, por ser um réptil que depende muito da temperatura para definir a sua população.

Maior número de grupos a trabalhar em conjunto no Projecto Tartaruga Boa Vista, inicialmente criado para a ilha da Boa Vista e que está a ganhar um carácter nacional é facto que, indicou a bióloga, trouxe à baila a necessidade de homogeneização da metodologia de trabalho científico.

Por isso, contou que há necessidade de trabalhar de forma igual, com mesmos métodos científicos que têm vindo a ser analisados em formação e capacitação.

“Agora estamos a passar a um outro nível, que é nacional, porque a tartaruga não é só da Boa Vista, é de todo o Cabo Verde, e é necessário cada vez mais unir esforços para trabalhar em conjunto”, pontuou.

A coordenadora científica reforçou a importância de Cabo Verde para a conservação da tartaruga marinha, não somente para a população careta-careta, mas também devido ao aumento de nidificação de outras espécies deste animal marinho, realçando este como um valor na biodiversidade no país.

Inforpress

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