
Sábado, 23 de Setembro, 2023
A centenária Catarina Silva manifestou hoje satisfação por alcançar os cem anos de vida, mas, acima de tudo, por estar ainda disfrutar de uma memória “bem clara”, apesar de ter ultrapassados muitos “constrangimentos na vida”.
À Inforpress, a centenária Catarina Silva disse que o dia de hoje significa um momento de “muita satisfação”, não só por estar a celebrar esta “bonita idade”, mas por ter a possibilidade de ainda contemplar esta “dádiva” e também reunir os filhos, amigos e amigas, principalmente os familiares que há muito não via.
Catarina Silva contou que na sua infância teve bons momentos, em que frequentou os ensinos doutrinários, e ensino primário “por pouco tempo”, porque a mãe lhe reiterou esta possibilidade, alegando a falta de condições financeiras.
Disse que tal causou-lhe “alguma mágoa”, mas que mesmo assim continuou a levar a sua vida pautada por esforço e dedicação aos ensinamentos da ocasião.
A centenária contou ainda que naquele tempo havia muito respeito pelos ensinamentos e respeito aos mais velhos, frisando que aos 18 anos conseguiu contrair o matrimónio e partir dali teve seis filhos, embora dois tenham falecido ainda muito jovens.
Naquela altura, continuou a centenária, as dificuldades eram de várias ordens, desde falta de água passando pela cobertura do serviço de saúde e sanitária, mas que, mesmo assim, as pessoas viviam de forma feliz, pautada por “muita convivência e confraternização”.
“Algo que hoje em dia já não se vê, por isso sinto saudades daqueles tempos, em que fazíamos muita festa em momentos especiais”, precisou.
Disse que relembra a história dos faluchos que faziam a ligação com a ilha de Santiago, quais sejam “Belmira”, “Aleluia”, “São José” e “Irene”, que na época das chuvas atracavam na Baxona para realizarem manutenção, o que juntava multidão para ajudar no arrasto das embarcações, sendo seu pai um dos proprietários.
Manuel Tavares Silva, um dos filhos da centenária que viajou dos Estados Unidos para marcar presença na festa dos cem anos da mãe disse que se trata de um dos momentos “mais especiais” para a sua vida, visto que nem todas as pessoas conseguem atingir esta idade.
Principalmente, continuou, por estar a acontecer com a pessoa que mais ama e admira na sua vida, tendo em conta todo o ensinamento que lhe foi transmitido pela progenitora.
Disse que mãe está ainda “muito lúcida” e a relembrar muita das coisas que ele como filho não se lembra, daí o momento “especial e único”, inclusive para juntar familiares.
Frisou que a mãe é “muito valente” e que passou por momentos “muitos difíceis” na vida, mas mesmo assim educou os seus filhos com “disciplina e amor”.
“Ainda com cem anos de idade ela garante que na sua vida não tem nenhum capataz, que até então é ela quem governa a sua casa”, declarou Manuel Tavares Silva, que destacou o facto de este aniversário da mãe lhe ter proporcionado conhecer uma tia que se deslocou da Holanda e que não conhecia, o que torna ainda este momento “um dia especial” para ele e para todos os membros da família.
Inforpress
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