
Quinta-feira, 30 de Março, 2023
Os especialistas chamam hoje, Dia do Pai, a atenção para a maior responsabilidade paternal, sublinhando que ainda essa questão constitui um “grande desafio” em Cabo Verde.
Estas considerações foram feitas por alguns especialistas ouvidos em entrevista à Inforpress, no âmbito da comemoração do Dia do Pai, que se assinala hoje, 19.
Segundo o membro dirigente da Rede Laço Branco, Paulino Moniz, o homem tem que ter mais responsabilidade com os filhos, dando mais afeto e contribuir mais para a sua educação, alimentação e saúde.
No entanto, para que os pais cuidem mais dos seus filhos, este responsável do Laço Branco, avançou que esta associação tem estado a promover um conjunto de reflexões sobre o dia e ao longo do ano, tentando ajudar as pessoas sobre o valor de ser pai e a importância deles na vida dos filhos.
Apontou que estas actividades vão desde ciclos de conversas, programas radiofónicos, formações, conversas em programas televisivos de uma forma mais alargada.
Com isso, sustentou a mesma fonte, que esta associação já participou ao longo de 2022, em mais de 150 actividades para sensibilizar na consciencialização dos homens e mulheres na questão da parentalidade, como também da sociedade, para que possam mudar essa mentalidade e resolver a problemática da fraca assunção da paternidade responsável no país.
Acrescentou também que um outro desafio é o focar na questão da Violência Baseada no Género (VBG), paternidade responsável, exemplificando que muitas vezes um pai pode maltratar a mãe que reflecte drasticamente para a vida de um filho.
Defende ainda que é preciso que haja uma lei mais dura nesta matéria em Cabo Verde, obrigando um pai a ajudar economicamente no crescimento do filho, independentemente se tem um trabalho fixo ou não, porque, segundo explica, uma criança precisa de apoio tanto financeiro para resolver várias necessidades básicas, como afetivo.
Chama ainda a atenção em relação à lei de partilha e guarda dos filhos, afirmando que “não há nenhuma lei” que estimula o pai a dar o afeto e cuidar do mesmo. “Há dimensões que não são feitas com leis e ações, pois é preciso trabalhar para que a sociedade se torne reflexiva, onde cada pessoa questiona o seu pensamento, sentimento e ação social” acrescentou a mesma fonte.
A mesma fonte referiu durante a entrevista, que, de acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, no ano findo, cerca de 13.000 crianças em Cabo Verde não tinham registo do pai no seu documento e cerca de 55% não viviam com o pai.
Por isso, deixa a mensagem de que a paternidade é um “grande desafio” que a vida reservou a cada ser humano, pelo que os pais devem dar mais afeto e cuidados aos filhos.
Por sua vez, a presidente da Associação das Crianças Desfavorecidas (Acrides), Lourença Tavares, considera que o
Dia do Pai deve ser comemorado todos os dias. Lembra que esta data foi também criada para os pais darem um pouco mais de brilho a esse dia e permitir também que entre o pai e a criança haja mais convivência.
Entretanto, conforme Lourença Tavares, a responsabilidade parental ainda é um dos “problemas” em Cabo Verde, onde há “imensa ausência” dos pais na vida dos filhos, e que a maioria é chefiada por mulheres.
Por isso, defende que é preciso ter em Cabo Verde mais presenças de serviços sociais nas comunidades para identificarem os diferentes problemas que se tem e ajudar as famílias na tomada de consciência e na resolução de problemas.
Já para o sociólogo Henrique Varela, uma criança que não recebe o apoio do pai pode crescer com algum défice de afeto e isso pode influenciar nos relacionamentos que estabelece nos diferentes grupos sociais, por isso recomenda que o pai deve procurar ter um comportamento exemplar que sirva de referência e exemplo para o filho na sua convivência social.
Acrescentou ainda que o trabalho que deve ser feito é uma sensibilização para a tomada de consciência para a assunção plena da responsabilidade paternal.
A mensagem para este dia, de acordo com o sociólogo, é que deve passar a conjugar o verbo “amar como obrigação e não opção”, justificando que quem ama cuida, protege, aconselha, corrige e acompanha sempre.
Inforpress
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