
Sexta-feira, 9 de Junho, 2023
A União de Estudantes Cabo-verdianos em Lisboa (UECL) e a Embaixada de Cabo Verde em Portugal partilham preocupação da habitação que tem sido um dos maiores desafios dos alunos que chegam do arquipélago.
A inquietação foi partilhada pelo presidente da UECL, Edson da Veiga, em um encontro que teve na última semana com o embaixador de Cabo Verde, Eurico Monteiro, em que estiveram também presentes o seu conselheiro Carlos Mendonça e a representante do departamento dos estudantes da embaixada Célia Vida, assim comos os vice-presidentes da UECL, Carlos Silva e Deise Jesus.
Em declarações hoje à Inforpress, Edson da Veiga explicou que o encontro serviu para apresentar os novos órgãos sociais da UECL, o Plano de Atividade para o ano letivo em curso e abordar problemas enfrentados pelos estudantes, como da habitação, de obtenção de visto, da bolsa de estudo, entre outros.
“Abordamos a questão da habitação que é um problema de escala nacional e Lisboa é das cidades que tem estado a sofrer mais. O custo médio da renda tem sido de 350 euros e os estudantes muitas vezes vêm sem condições financeiras, ou seja, é uma barreira sobretudo para aqueles que chegam pela primeira vez e não conhecem as pessoas que os ajudem a encontrar os quartos com preços mais acessíveis”, explicou.
Edson da Veiga contou que explicaram que existem residências estudantis, mas estudantes cabo-verdianos têm estado a enfrentar dificuldades em ter acesso, porque os critérios para aceitação “não estão claros”, pedindo a intervenção da embaixada junto de instituições de ensino para a aplicação de uma padronização de acesso.
“Da parte da embaixada, reconheceram esta problemática que é também uma preocupação que os responsáveis têm. A informação que nos deram é que o Governo português também reconhece e tem estado a implementar algumas medidas para tentar colmatar essa situação”, esclareceu.
Em relação a obtenção de visto, a UECL lembrou ao embaixador que os estudantes têm chegado “bastante atrasados”, acabando por perder o primeiro semestre e afetando na adaptação ao ensino superior, prejudicando no tempo do término do curso, ou mesmo perdendo vagas, se chegarem depois de Dezembro.
“Junto da embaixada reconhecemos o esforço e medidas que foram implementadas, entendemos que o fluxo de imigração para Portugal tem estado a aumentar, não só de Cabo Verde (…). Anualmente tem sido cerca de 3.000 estudantes a pedir visto, mas perspetiva é que ao longo do tempo mecanismos venham a ser aprimorados e já este ano notamos algumas melhorias”, admitiu.
Entretanto, o presidente da UECL não esqueceu a marcação no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em que os estudantes não conseguem fazer para obtenção de residência, e quando conseguem, demora muito tempo a receber o documento, o que faz com que os mesmos não possam sair de Portugal.
Em relação a bolsa de estudo, Edson da Veiga abordou com o embaixador o facto de o montante de 271.84 euros que os estudantes recebem não chegar para as despesas, às vezes nem para pagar uma habitação, e que devido a situação financeira “há muitos que são obrigados a trabalhar”, acabando por lesar no rendimento escolar e abandono escolar.
“Por parte da embaixada, reconheceram esta situação, embora justificam a dificuldade em aumentar os valores de bolsas, porque em relação aos bolseiros, todos os anos letivos recebem o pedido para extensão de período de bolsa por mais um ou dois anos, que inicialmente eram três anos, e isso corta verbas”, referiu, lembrando que em 2000, a bolsa de estudo do Governo de Cabo Verde para os que vinham estudar em Portugal era de 310 euros.
A União de Estudantes Cabo-verdianos em Lisboa foi criada a 22 de Outubro de 1998 e Edson da Veiga substituiu Ederlindo Fernandes como presidente da direção da UECL.
Inforpress
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