Temos a impressão que só Ministério da Saúde é que está a trabalhar com a covid, diz bastonário da Ordem dos Médicos

O bastonário da Ordem dos Médicos, Danielson Veiga, disse hoje, na cidade da Praia, que há impressão de que só o Ministério da Saúde está a trabalhar com a covid-19 em Cabo Verde.

Aquele responsável, que falava aos jornalistas momentos antes de iniciar uma ‘conversa aberta’ sobre a situação pandémica actual, promovida pela Ordem dos Médicos, defendeu uma maior articulação entre as instituições que trabalham no combate à doença ao nível do país.

 

Danielson Veiga afirmou que não há dúvidas de que praticamente todos os cabo-verdianos têm conhecimento de como fazer para evitar a doença, e as medidas que têm sido definidas, anunciadas e implementadas “são boas”.

 

Contudo, salientou que as mesmas precisam ser melhor supervisionadas.

 

“Temos reparado que há alguns bares, restaurantes e praias de mar que estão sempre lotados e a mim parece que o Ministério da Saúde está sobrecarregado. Dá impressão, muitas vezes, que só o Ministério de Saúde está a trabalhar com a covid”, disse lembrando que nessa luta todos têm responsabilidades.

 

Danielson Veiga manifestou o desejo de ver, à semelhança do que acontece com o Ministério da Saúde, outras instituições a divulgarem as acções que têm realizado, tendo em vista a redução da propagação do vírus.

 

“A nosso ver tudo ficou na responsabilidade dos médicos e só médicos não chegam… Nós queremos ver, na prática, a colaboração de todos. De outras instituições do Estado como a Administração Interna, a protecção social, as câmaras municipais, mas também das associações e dos líderes comunitários”, disse.

 

Questionado sobre a opinião da Ordem dos Médicos em relação ao debate que se está a realizar à volta da necessidade ou não da declaração do estado de emergência, Danielson Veiga sustentou que as medidas devem ser tomadas em função daquilo que vem sendo registado no dia-a-dia.

 

Apesar de, neste momento, o país estar com taxas elevadas e todas as ilhas no vermelho, considera que ainda não é o tempo, “se calhar, de declarar estado de emergência”, mas realçou a necessidade de aumentar o nível de supervisão e de controlo das medidas.

 

“Praticamente todas as ilhas estão no vermelho, acima dos 150 casos por 100 mil habitantes. Então, quando é assim, temos de pensar realmente se não há necessidade de aumentar um pouco o nível de supervisão e controlo, porque quando maior número de pessoas está lá fora a circular, há maior risco para essas pessoas”, sustentou.

 

Durante a ‘conversa aberta’, a Ordem pretende ouvir os médicos especialistas em saúde pública e do colégio de saúde pública para no final elaborar um documento, que depois será partilhado com o Ministério da Saúde e outras instituições para um melhor combate à pandemia de covid-19.

 

De uma forma geral a ordem considera que tem havido uma boa gestão da pandemia, “salvo algumas falhas”.

 

As vacinas que estão a ser administradas desde Março em Cabo Verde, estando já aplicadas mais de 18 mil doses, são uma mais valia, e o bastonário acredita que quanto maior for o número de pessoas vacinadas, maior será a possibilidade de ter o controlo da doença.

 

Neste sentido, incita as autoridades a trabalharem para trazer mais vacinas para o país.

 

Para já, a organização entende que além de reforçar a supervisão, há necessidade fazer rastreios mais rigorosos, com a realização de testes para diagnóstico, e o isolamento das pessoas infectadas.

 

Cabo Verde registou, desde Março de 2020, até esta segunda-feira, 10, um total acumulado de 26.578 casos positivos e 137 óbitos devido às complicações da covid-19. O país conta, neste momento, com um total de 2.927 casos activos.

 

Inforpress/fim

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