
Segunda-feira, 16 de Maio, 2022
Por me ter movimentado durante anos na arena diplomática tive o privilégio de com ele privar em várias ocasiões, muito antes da sua chegada a Belém. Na minha perspectiva, uma figura digna, afável, hiperativa, irrequieta, bem disposta, com um sentido de humor apuradíssimo e cumpridor da palavra dada.
Conhecia-o dos media – quem não? – mas o nosso primeiro tête-a-tête foi num seminário na Culturgest, em Lisboa, já lá vão uns anitos. Chamou-me logo a atenção o entusiasmo que transmitia na voz, o domínio magistral da oratória, a descontração e a espontaneidade com que se chegava a todos. No intervalo desse evento, por sabê-lo sozinho na primeira fila, lá fui eu – na qualidade de responsável pela informação e comunicação da nossa missão diplomática em terras lusas – meter conversa, a fim de assegurar que tudo corria conforme o previsto. Dois dedos de prosa depois, éramos praticamente BFFs; tanto assim foi que permiti a captação do momento em imagens, coisa pouco comum na minha postura profissional e pessoal.
Tempos depois voltei a encontrá-lo num outro evento, desta feita no Palácio Foz em pleno coração da capital portuguesa. Dado que a Feira do Livro de Lisboa ia arrancar em breve, convidei-o, ainda que informalmente, a visitar o pavilhão de Cabo Verde, no qual iria eu estar a trabalhar. Aceitou de bom grado, garantindo que daria um saltinho até lá.
Como promessa de político é como chuva de verão, ainda mais para alguém com uma agenda sempre assoberbada, não depositei muita fé nisso. Qual não foi o meu espanto, e contentamento, quando, no dia combinado, lá me aparece um sorridente professor Marcelo à frente. “Cuscou”, indagou, partilhou estórias, comprou, conversou, brincou, pousou para a câmara e até deixou-se levar pelo doce embalo de uma morna, tocada ao vivo. Se dúvidas houvesse, foi nesse dia que me rendi definitivamente aos seus encantos.
Voltei a encontrá-lo em outras ocasiões, sendo a última em maio deste ano, aquando da tomada de posse dos novos órgãos da ordem profissional com a qual estava a colaborar. Nessa altura – ele o mais alto magistrado da nação e eu uma mera técnica, ainda por cima contratada a prazo – só me foi possível visualizá-lo ao longe. Sequer tive oportunidade para aquele abraço amigo e votos de um mandato recheado de afetos e consensos.
Artigo originalmente publicado no blog https://aindasolteira.blogs.sapo.pt/
"Radicada em Lisboa, é blogger, cronista, inspiring talker, cupido profissional, organizadora de eventos e tudo o mais que a desafiar. Por gostar de ser/estar feliz, a sua escrita é recheada de humor e positividade, com uma pitada de sarcasmo pelo meio".
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