
Sexta-feira, 9 de Junho, 2023
A família! Na sua génese, é a primeira certeza de que se pertence a algo, de que se pertence a alguém… Para além disso, é a nossa referência, o nosso porto seguro, o nosso abrigo, o nosso colo amigo, a nossa escola da vida, no fundo, a nossa identidade. Nenhuma instituição assume tão essencial papel na vida do ser humano, para não dizer ser vivo.
Uma pessoa sem família é como uma folha ao vento, que, desamparada, segue desgarrada de tudo, absolutamente à mercê das intempéries da vida. Obviamente, não sou ingénua ao ponto de acreditar que, no seu seio, tudo é um mar de rosas, com todos a amarem-se incondicionalmente e ninguém a desentender-se. Família nenhuma é perfeita, nem é suposto que seja, devemos nós ter a honestidade de reconhecer. Afinal, se os seus membros – que somos todos nós – não são, porque haveria ela de o ser?
Por maior que seja o esforço para fazer com que seja – ou pareça – perfeita, a verdade é que mesmo nos núcleos mais unidos, ocorram momentos de tensão, desavença, discordância, intriga, conflito mesmo. A mim não me choca tal realidade, acho até saudável. O que me choca é a constatação de que alguns dos seus elementos deixam as emoções (negativas) falarem mais alto do que os laços que os unem.
Fico de coração partido toda vez que tomo conhecimento de casos de parentes que deixam de se dar por motivos que, mais cedo ou mais tarde, chega-se à conclusão que não passam de desimportâncias. Na necessidade, quem é que está lá para nós? Na desgraça, quem é que nos ampara? Na doença, quem é a primeira a acudir? Na morte, quem é que nos empresta aquele ombro amigo? Na aflição, a quem recorremos? Por sentido de dever ou genuíno bem querer, o facto é que é com ela que podemos (realmente) contar.
Imensamente abençoados são aqueles que podem desfrutar de um agregado familiar onde imperem verdadeiros laços fraternais. É assustadora a quantidade de almas perdidas que acreditam não precisar da família, demonstrando não apreciar o seu valor na definição, preservação e elevação do bem-estar geral, aquilo a que vulgarmente chamamos de felicidade. Aonde não reina o bem querer, o respeito, a lealdade, a solidariedade, a compaixão, a tolerância, a harmonia e a união não pode reinar o sentido de família.
Nesta quadra festiva, peço-vos que valorizem a vossa família, que tenham mais paciência, que demonstrem mais condescendência, que sintam mais compaixão e que cultivem verdadeiros laços de ternura com os vossos. A vida é tão instável, tão imprevisível, tão efémera, pelo que quezílias que em nada contribuem para a nossa felicidade, para o bem-estar social, são pura perda de tempo e de energia.
Estreitemos, pois, os laços com os nossos entes, perdoemos o que tiver que ser perdoado, esqueçamos o que devemos esquecer, resolvamos o que nos for possível resolver, aceitemos o que tiver que ser aceite, deixemos para lá o que deve ser deixado para lá. Antes isso do que ficarmos no lamento, no arrependimento, na culpa, na saudade…
Vamos sempre a tempo de estabelecer, investir, estreitar e resgatar os nossos laços de família. De coração, com coração, voltemo-nos para a nossa família, seja ela unida por laços de sangue ou por laços de amor, o maior presente que podemos dar e receber. Amemos, abracemos, perdoemos, desfrutemos, vivamos. Sejamos família!
Artigo originalmente publicado no blog Ainda Solteira, em 15 de novembro de 2018
"Radicada em Lisboa, é blogger, cronista, inspiring talker, cupido profissional, organizadora de eventos e tudo o mais que a desafiar. Por gostar de ser/estar feliz, a sua escrita é recheada de humor e positividade, com uma pitada de sarcasmo pelo meio".
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