
Quarta-feira, 22 de Março, 2023
Cada vez mais sou obrigada a concordar que tudo tem o seu momento certo e que quando algo não acontece devemos entender que o momento não chegou. A vida não é nada acidental, digamos assim, tudo tem o seu propósito e o seu tempo. As frustrações vêm da nossa vontade de que as coisas que queremos aconteçam não só no nosso tempo, mas da forma como pretendemos.
Voltando ao tema desta crónica, tenho dado por mim a pensar sobre ele há alguns meses e vêm-me sempre à cabeça os momentos em que fui confrontada com ela e o que mais me marcou foi algo que aconteceu comigo e um amigo muito querido.
Estávamos os dois a conversar e toca o meu telefone, vejo quem é e é o meu marido. Ao atender a chamada chamo-lhe de “B” (um nome “original” com que nos tratamos) e falamos por alguns segundos. Após desligar o meu amigo vira-se para mim e diz que gostaria que a sua esposa lhe chamasse por algo carinhoso assim. Ao que lhe perguntei como é que ela o chamava e ele respondeu que pelo seu nominho. E de seguida perguntei-lhe como ele a chamava e qual o meu espanto quando ele diz que pelo nominho dela.
Disse-lhe então que se ele queria que ela o chamasse por um nome carinhoso talvez ele lhe devesse chamar por um nome carinhoso também e quem sabe assim ele conseguisse o que queria. Ele ficou pensativo, riu-se pouco depois e trocamos impressões sobre a forma como queremos/esperamos algo dos outros que nós não praticamos.
Quantas vezes não damos por nós a reclamar que algo não vai bem, que as coisas deveriam ser/funcionar de determinada maneira e quando chega a nossa vez nós agimos da mesma forma como o alvo das nossas críticas.
É inegável que a conduta e energia das pessoas é contagiosa. Se estamos rodeados de pessoas bondosas, alegres, felizes num ambiente de paz é difícil estarmos deprimidos. Quantas vezes acordamos maldispostos, com um humor sombrio e encontramos com alguém que irradia felicidade e sentimo-nos melhor depois desse encontro? O inverso também é verdade. Quantas vezes estamos bem e ao conversarmos com alguém sentimos a nossa energia a esvair-se? Quantas vezes sentimos que devemos afastar-nos de alguém pois ela suga a nossa energia?
Tomando consciência disso e assumindo a responsabilidade e dever que todos temos de tornar melhor o mundo, porque não começarmos nós ser a mudança que queremos? Falando de melhorar o mundo podemos sentir que somos insignificantes para tal desiderato, pois como será possível que uma única pessoa (e num micro Estado como Cabo Verde) possa fazer a diferença no mundo. Esquecemos nós que o “mundo” é constituído por pessoas e ao fazermos diferença, pela positiva, na vida de uma única pessoa melhoramos o “mundo”.
E devemos começar por nós, cada ser humano tem a obrigação de não deixar em vão a sua passagem pela Terra. É imperativa a busca incessante e permanente pela superação de nós mesmos, de nos munirmos de melhores ferramentas para potenciarmos as nossas capacidades.
Ao melhorarmos a nós mesmos é impossível que essa melhoria se circunscreva a nós, ela refletir-se-á necessariamente naqueles que estão à nossa volta e poderá ser o combustível para que eles possam dar o salto e iniciarem o seu processo de melhoria. E podemos imaginar como seria o mundo se cada um fizesse o seu melhor, que fizesse o que exige e espera dos outros. Só deveríamos esperar do outro aquilo que nós próprios fazemos.
Não devemos terceirizar a nossa responsabilidade, ninguém irá cumprir ou cumprir da mesma forma algo que nos cabe apenas a nós e temos de entender que o nosso contributo é sim relevante. Ao furtarmo-nos à nossa responsabilidade não temos forma de calcular os efeitos da nossa omissão, do que ficará por fazer/acontecer por não termos tido a capacidade e a coragem de sermos o que precisamos ser.
Quando pensamos nos grandes nomes da História esquecemo-nos que os grandes feitos não foram conquista de uma só pessoa, que foram o culminar de inúmeros processos conduzidos por outras pessoas. Não temos um Amílcar Cabral, um Nelson Mandela, um Pelé e outros mais, sem a influência de pessoas que com eles conviveram. E essa influência por mais ínfima que possa ter sido, poderá ter sido preponderante para o feito alcançado.
Por isso, meu amigo, faça a sua parte, seja melhor, faça melhor, se capacite e seja aquilo que precisa para si e assim será por todos nós!!
"Filha, mãe, esposa, advogada. Amiga dos seus amigos. Leal, honesta e direta. Uma apaixonada por música, livros e pela escrita. Amante de uma boa conversa e de aprender coisas novas. Em permanente busca de novos desafios."