Maio vai contar no próximo ano com unidade de produção de água dessalinizada para agricultura

Ângela Moreno deu esta garantia à Inforpress, na sequência do levantamento efetuado, esta quinta-feira, das condições geológicas e do local onde, possivelmente, vão ser instalados a dessalinizadora e o parque fotovoltaico, com capacidade de produzir durante 10 horas por dia.

Segundo adiantou, pretendem produzir, pelo menos, 500 metros cúbicos diários recorrendo à energia fotovoltaica durante as 10 horas/dia, adiantando, por outro lado, que estão a encetar negociações junto da Electra com vista a poderem produzir até 1000 metros cúbicos dia e, desta forma, contemplar todos os agricultores da ilha com água para irrigar as suas parcelas.

Ângela Moreno afiançou ainda que durante os trabalhos efetuaram visita ao local onde pretendem fazer a perfuração, bem como o local onde está previsto construir o reservatório que vai armazenar e distribuir água aos agricultores que vão ser contemplados neste projeto financiado pelo governo da Hungria.

“Visitamos todas localidades e áreas agrícolas que poderão vir a ser beneficiadas e a nossa ideia é instalar uma dessalinizadora única que vai irrigar toda a área agrícola da ilha”, informou, salientando que estiveram em Pedro Vaz, que reúne todas as condições para receber este tipo investimento por se situar num local com uma cota que possibilita a distribuição de água por gravidade aos locais mais abaixo.

Durante a estada na ilha do Maio, Ângela Moreno e a sua equipa mantiveram um encontro com os agricultores, representantes de cooperativas, bem como com organizações não-governamentais (ONG) e a edilidade maiense, uma vez que considerou ser um projeto complexo e carece de contribuição de vários parceiros.

Informou que nos próximos dias, uma nova equipa fará uma deslocação à ilha para escolher o local exato para a execução do furo, que normalmente ficará à beira-mar, enfatizando que a unidade de produção de água vai ser alimentada por energia fotovoltaica durante 10 horas seguidas.

Adiantou ainda que a entidade que dirige pretende realizar um conjunto de ações de formação, antes, durante e após a instalação da dessalinizadora, junto dos agricultores que vão ser beneficiados com este projeto, visto que pretendem introduzir ou melhorar a forma com vem sendo praticada a agricultura na ilha, fazendo com que a mesma venha a ser mais sustentável e mais rentável.

A PCA da empresa Águas de Rega disse que almejam o engajamento dos jovens neste projecto, salientando que vão ainda contemplar não só as áreas que vinham sendo praticada agricultura, mas também as aráveis que possuem potencial para a prática de agricultura, assim como os criadores de gado.

Lembrando que o preço da água dessalinizada vai ser um pouco superior em relação ao que vem sendo praticado com a água de furo, que tem sido canalizada para agricultura, apesar da mesma ser subsidiada, a responsável aproveitou a ocasião para chamar atenção aos agricultores de que os mesmos devem produzir “culturas de valor” e, a este propósito, deixou a garantia de que a Águas de Regas está disponível para oferecer todo o apoio técnico necessário.

Ângela Moreno manifestou a sua convicção de que com entrada em funcionamento, este projeto vai contribuir para fixar os jovens nas suas localidades e na ilha, que possui um “grande potencial” turístico e que está a dar os primeiros passos, embora admita que vai ser necessário implementar uma forma de produção moderna e em estufa para abastecer tanto o mercado local como as outras ilhas.

“O nosso problema em Cabo Verde é falta de água e tendo água disponível para agricultura tudo o resto funciona. Por isso, este projeto está a colocar o foco aonde era o problema do país, em ter água para irrigação. Com este projeto temos muita esperança de que vai haver muita mudança no aspeto económico das famílias”, notou.

Aquela responsável afiançou que a dessalinizadora para a ilha do Maio já foi encomendada e a empresa que vai executar os trabalhos de perfuração já se encontra no país, enfatizando que a edilidade já mostrou abertura para a cedência do espaço para construção do reservatório e instalação dos painéis solares, pelo que praticamente, tudo está a posto para se arrancar com os trabalhos no terreno.

Inforpress